Ryou Win é, sem dúvidas, um dos grandes criadores do universo Mugen. Se o nome ainda não lhe soa familiar, talvez seja hora de conhecer melhor a grandiosidade de sua contribuição para a cena.
Foi ele quem deixou sua marca no sistema Tag-Team, que permitiu batalhas em equipe dentro da engine. Mas suas criações não param por aí: Amingo, Marrow, Sonson, Ruby Heart, Tron Bonne, Servibot (em pausa), Kung Fu Marvel, Blair Dame, Poison, She-ra e Alloy. Como co-criador, participou também de Emma Frost White Queen (X-Men).
Na lista ainda entram dois screenpacks: um inspirado em Marvel vs. Capcom 2 e outro com tema RoboCop. Não por acaso, essa é uma paixão antiga do criador.
Eu sou só um cara que queria um jogo de RoboCop no estilo Marvel vs. Capcom. Ninguém mais estava fazendo.
Dessa ideia nasceram personagens como RoboCop, RoboCop HD, ED-209, RoboCain, IronSuit, R2 Prototype A, Bone Machine, NeuroBrain, Automat (R2 Prototype B), RoboCable e até o Policial de Aço Jiban.
Quando se está empolgado, você quer converter tudo para Mugen. Mas não dá para abraçar o mundo. Nosso tempo é finito, comparado à nossa vontade. A vida adulta é um cano com muitos buracos. Minha maior criação seria um modo de fazer tudo mais rápido.
O homem por trás do maker
Carioca, 46 anos, com humor afiado, Ryou se define de forma modesta:
Sou o cara que instala Windows Vista nas máquinas do serviço público. A gente ganha pouco, mas se diverte.
Sua história com jogos começou nos anos 80, quando conheceu Karatê Champ (1984), clássico listado pela IGN como um dos dez jogos mais influentes de todos os tempos.
Ainda guarda memórias de Pong, jogado no Telejogo Philco em uma exposição de 1982, mas sua grande paixão foi mesmo Street Fighter II.
Meu apelido vem daí: é Ryu + You Win.
Pouco depois, mergulhou no mundo de Marvel vs. Capcom, jogo que ele levava a sério nas competições entre amigos.
Descoberta do Mugen
Foi em junho de 2000 que Ryou ouviu falar, pela primeira vez, de um jogo que permitia colocar Ken contra Megaman. Desconfiado, achou que fosse brincadeira, mas acabou se surpreendendo.
Exigi provas e meu colega me mostrou o programa. Foi amor à primeira vista pelo Mugen.
Meses depois, durante uma recuperação de apendicite, mergulhou de vez na engine. Em pouco tempo, começou a criar seus próprios personagens.
O primeiro foi Cable, de Marvel vs. Capcom 2. Como não havia material oficial, ele usou vídeos e imagens de baixa qualidade para recortar sprites, o que resultou nos famosos “chars de papelão”. Apesar disso, completou versões de Cable, Jill Valentine e Hayato Kanzaki.
A criação do sistema Tag-Team
O grande destaque veio quando Ryou desenvolveu um novo sistema para lutas em dupla:
O sistema original não funcionava bem. Então criei um agarrão em que o parceiro ficava do lado de fora esperando a vez dele. Depois, adicionei especiais duplos, voadora de troca e ajudantes.
Esse sistema se espalhou pela comunidade e inspirou inúmeros outros projetos.
O sonho do RoboCop
Com a bagagem adquirida, Ryou decidiu investir em um sonho antigo: criar um jogo completo de RoboCop no estilo Marvel vs. Capcom.
Como ninguém estava fazendo, eu precisava focar nos personagens que queria ver em ação. O RoboCop sempre foi minha grande paixão.
Foi daí que surgiu a extensa lista de personagens baseados no universo do policial do futuro.
Elecbyte, comunidade e futuro do Mugen
The Crab Games: A Elecbyte sumiu. Você acha possível um retorno? Ryou Win: “Isso é um mistério. Não entra na minha cabeça que uma empresa crie algo desse porte e não cobre. Minha teoria é que a engine nasceu como um experimento, para colher ideias de fãs. Se voltarem, ótimo, mas não espero dez anos de novo. É como esperar o próximo filme do Avatar.”
Sobre alternativas atuais, ele aponta o Ikemen GO como o projeto mais promissor.
Ryou também reflete sobre o cenário da comunidade:
Ainda existe gente interessada, mas muitos cansaram de ver sempre as mesmas coisas. O público envelheceu, o novo tem outros interesses. É natural. Mas lamento que o Mugen HD tenha complicado tanto a vida dos criadores.
Polêmicas e desafios
O criador admite já ter enfrentado situações de hostilidade dentro da cena:
O Mugen foi a primeira comunidade onde vi comportamento tóxico. Já fui muito hostilizado. Imagine como seria para as mulheres, que ainda são minoria.
Ele também comenta sua visão sobre compilações de jogos que usam criações sem autorização:
Já fui contra. Hoje penso diferente: quando você coloca algo na internet, deixa de ser seu. Prefiro focar no que quero criar.
Projetos atuais e sonhos
Entre seus planos, Ryou trabalha em RoboCop – The REBOOT of the Law Enforcement, um fanfic em forma de jogo de luta, inspirado no filme A Chave Mágica. O projeto usa fotos tratadas como sprites, evolução do antigo estilo “chars de papelão”.
Ele ainda sonha em criar jogos completos com temas únicos:
Gostaria de um Caverna do Dragão fiel ao desenho, um Darkstalkers só com mitologia brasileira e até um Vingadores vs Super Amigos no estilo clássico.
Caverna do Dragão
Entre personagens futuros, cita Alloy HD, RoboCop 3.0, Chappie, Otomo, CyberJobe (O Passageiro do Futuro) e outros.
Conclusão
Com humor, criatividade e resiliência, Ryou Win se tornou um dos criadores mais importantes da história do Mugen. Entre inovações técnicas, personagens icônicos e projetos ambiciosos, sua paixão por jogos de luta e por RoboCop continua movendo uma trajetória que inspira toda a comunidade.
Putzgrila
Parabéns cara
Muito legal o sistema tag
Continue firme nesse projeto robocop vai ficar show de bola!!!