O pernambucano Ian Miguel, de 42 anos, é um apaixonado por videogames desde a infância, quando conheceu o Atari. Com o passar dos anos, acompanhou a evolução dos consoles no Brasil, mas manteve sempre um carinho especial pelos jogos de luta e RPG. Foi essa paixão que o levou a mergulhar no universo do Mugen, engine que permite criar e personalizar jogos de luta em 2D.
Ian se especializou em adaptar personagens de diferentes franquias para o estilo KOF, inspirado na série The King of Fighters, da SNK. Esse trabalho exige ajustes nos golpes, cores e até no visual para que os personagens fiquem fiéis ao padrão da franquia. Entre suas conversões estão lutadores como Rasputin, Broken e Capitão Kid (World Heroes) e Tenjin (Art of Fighting), que nunca tiveram versões oficiais nesse estilo.
Eu estou pegando chars que não existem nesse estilo e convertendo eles”, explica Ian. “Por exemplo o Rasputin, o Capitão Kid, entre outros, que nunca existiram em KOF.
O primeiro contato com o Mugen
Foi no ano de 2000, na casa de um amigo, que Ian conheceu o Mugen. A descoberta foi marcante:
Eu fiquei muito feliz em saber que eu poderia fazer o jogo de luta que eu sempre quis. E hoje estou fazendo isso, com quatro anos de dedicação para aprender a programar.
O processo de aprendizado não foi simples. Para Ian, o maior desafio foi compreender a lógica por trás da programação da engine:
A dificuldade maior foi aprender as coisas mais difíceis, tipo como eu faço para ‘descobrir’ tudo que eu quero em Mugen. Mas depois que você aprende como funcionam os códigos, aí tudo fica bem mais fácil.
Jogos favoritos e inspirações
Além de sua dedicação ao Mugen, Ian continua jogando títulos modernos. Entre seus favoritos, destaca Street Fighter V:
O Street Fighter V é o melhor em tudo, principalmente na jogabilidade. Tem alguns erros, mas mesmo assim é o melhor jogo de luta que existe até hoje.
Street Fighter V
Ele também acompanha o trabalho de outros makers, como Yajirushi Erudon, que considera um dos melhores no trabalho com sprites.
Outro desejo de Ian é ver o personagem Nash, da série Street Fighter, adaptado para o estilo KOF.
Pena que ainda não tem uma versão dele no estilo KOF”, comenta.
O valor de começar do zero
Para Ian, a essência do trabalho no Mugen está na criação original. Ele critica a prática de modificar projetos prontos:
95% dos Mugen são compilações. Mas editar um projeto já pronto, mesmo que esteja ruim, eu sou contra. É melhor deixar pra lá e montar seu próprio Mugen. Editar Mugen já feito é coisa de preguiçoso. Quero ver começar do zero, igual eu fiz durante quatro anos, com uma programação inédita.”
Canal e preferências
Atualmente, Ian mantém um canal no YouTube, onde transmite lives mostrando seus projetos, códigos e tutoriais para quem deseja aprender mais sobre o Mugen.
Quando o assunto é screenpack, seu favorito é o desenvolvido por Junio Lima, ainda sem nome oficial, mas inspirado em The King of Fighters.
Conclusão
Com dedicação e disciplina, Ian Miguel transformou o aprendizado árduo da programação no Mugen em um projeto de vida. Seus personagens no estilo KOF já conquistam espaço na comunidade, e seu compromisso em valorizar a criação original se torna uma inspiração para novos makers.