O catarinense de Palhoça, Gui Santos, é um nome conhecido no universo do Mugen. Dono de um canal no YouTube com mais de 13 mil inscritos, ele se tornou uma voz ativa na comunidade, seja defendendo a cena, valorizando criações de makers ou participando de debates intensos. Para Gui, uma questão continua sendo central: o respeito entre os membros.
Até hoje há alguns sujeitos que não sabem o significado da palavra respeito no meio Mugen, mas graças a Deus hoje em dia são poucos que agem assim”, comenta.
Nesta entrevista, Gui relembra sua trajetória, fala sobre as polêmicas que marcaram a comunidade, suas inspirações e os projetos que mantém vivos o Mugen e o Ikemen GO.
As origens
Gui começou cedo no mundo dos games. Seu primeiro contato marcante foi com The King of Fighters ‘96, jogado em um barzinho próximo de casa. Mas foi o clássico Street Fighter II: World Warrior, no Super Nintendo do irmão, que despertou sua paixão pelos jogos de luta.

No Mugen, ele surgiu como consumidor ativo dos fóruns “PãoDeMugen” e “MugenBR”, em 2006. Só anos mais tarde, em 2014, incentivado por grandes nomes da cena como Douglas “O Ilusionista”, ZVitor e Mauteck, decidiu se arriscar no desenvolvimento.
Início das criações
The Crab Games: Quais foram as maiores dificuldades ao começar a criar?
Gui Santos: “As dificuldades têm até hoje, principalmente no coding. Comecei a mexer de fato em personagens só em 2018. Muitos pensam que criar ou editar algo no Mugen é fácil, mas não é. É trabalhoso e até desgastante, mas compensa demais no final.”
Gui destaca trabalhos como a personagem Blaze, feita em parceria com Rhythmical, a She-Hulk (no estilo Marvel vs. Capcom 1, criada por Kenshiro99 e finalizada junto com Mammalman), além de personagens de River City Girls adaptados no estilo Marvel vs. Capcom 2.
Preferências e inspirações
The Crab Games: Você tem screenpacks ou personagens favoritos?
Gui Santos: “Meu screenpack favorito é o Mugen Match 2.1 do Tatsu/Shiyo Kakuge. Já no meu TOP 5 de personagens destaco:
- Jaspion, do Beto
- Pica-Pau, do Ilusionista
- Rainbow Mika, do DeathScythe
- Beast, de Gladiacloud, MotorRoach e Kenshiro99
- Kratos, do Wou”
Ele também cita sua admiração pelo estilo de Phantom of the Server (PotS), maker que influenciou gerações com seu padrão baseado em Capcom vs. SNK 2.
Polêmicas e rixas
The Crab Games: Existem rixas na comunidade Mugen?
Gui Santos: “Sim, como em qualquer comunidade. Algumas rixas são até saudáveis, mas infelizmente já houve muita treta lamentável, especialmente entre 2011 e 2016. Hoje percebo mais união e vejo que a engine se mantém viva graças ao Ikemen GO. Ele está revolucionando o Mugen. Se fosse pela Elecbyte, a engine estaria no limbo.”
Projetos e filosofia
Atualmente, Gui trabalha em edições de personagens no estilo PotS e no projeto Darkstalkers vs. Street Fighter, constantemente atualizado.
The Crab Games: Qual o segredo para criar bem no Mugen?
Gui Santos: “Persistência, alegria e sabedoria. Encare como um hobby, algo que te dê prazer. Busque conselhos, peça ajuda e faça tudo de cabeça erguida, sem desanimar.”
Ele ainda faz questão de destacar nomes que marcaram sua trajetória, como Douglas Baldan, o Ilusionista: “Foi graças a ele que me interessei pela engine. Ele merece muito mais reconhecimento, por estar envolvido desde os tempos do DOS.”
Agradecimentos e recomendações
Ao final, Gui cita outros nomes que considera importantes e que gostaria de ver entrevistados: Kleylson (ShinZankuro), ZVitor, Ethan Lives, Mauteck, Beto, Zelgadis, Jmorphman e DivineWolf. “São pessoas que ajudaram a construir essa cena. E mesmo os que não estão mais ativos, como PotS e Loganir, deixaram um legado imenso.”

