Douglas Baldan, mais conhecido como O Ilusionista, é um dos nomes mais respeitados do Mugen brasileiro. Com mais de duas décadas de dedicação, ele ajudou a moldar a cena nacional e se tornou referência internacional. Nesta entrevista, o criador relembra sua trajetória, revela bastidores de projetos marcantes e reflete sobre a longevidade da engine que até hoje forma makers ao redor do mundo.
Paulista, 42 anos e diretor de arte, Douglas adotou o apelido “O Ilusionista” ainda na adolescência. “Eu gostava de fazer ilusões com as palavras”, lembra. Mas foi nos games que esse pseudônimo se tornaria eterno.
Seu primeiro contato com os videogames foi com um Atari 2600:
Eu me lembro de jogar Frostbite numa TV em preto e branco. Depois veio Boxing, aquele em que os lutadores pareciam caranguejos. Mas foi com Yie Ar Kung Fu, nos arcades, que percebi minha paixão pelos jogos de luta.
Atari 2600
Curiosamente, seu game favorito não está entre os mais óbvios:
É o Fighting Masters, do Mega Drive. Joguei até cansar e até hoje volto nele.
O encontro com o Mugen
Antes do Mugen, Douglas testou o KOF91, uma engine rudimentar. “Era horrível, mas fantástico ao mesmo tempo, porque já dava pra criar coisas próprias”, recorda. Em 1999, mergulhou no Mugen:
Eu sou da Velha Guarda. Se não me falha a memória, sou o criador brasileiro mais antigo ainda ativo, e talvez um dos mais antigos do mundo.
As dificuldades eram muitas. Sem banda larga, usava sites como Cadê e Altavista para pesquisar e se conectava pelo mIRC, na BrasNET. “RIPAR sprites era um pesadelo. Tudo era no MS-DOS e cada imagem precisava ter a mesma paleta de cores.”
O primeiro personagem
Seu debut não poderia ser mais curioso:
Foi o Meleca, um borrão ocre feito no MS Paint. Era tosco, mas me fascinava ver aquilo funcionando.
Mesmo assim, Douglas persistiu até lançar o primeiro personagem completo: Alsion III, de Breakers Revenge. “Horrível, mas foi meu primeiro passo real.”
A consolidação
Ao longo da carreira, O Ilusionista acumulou cerca de 100 criações para o Mugen, entre elas o icônico MB-02, um robô inspirado em Sagat, parte do projeto Street Fighter Spec Ops, que se tornou seu maior orgulho.
Spec Ops é provavelmente o projeto mais antigo ainda ativo do Mugen. Nunca terminei, mas marcou muito a comunidade.”
Além disso, fundou em 2002 a Brazil Mugen Team e foi beta tester do Fighter Factory, ferramenta essencial para makers do mundo todo.
Rivalidades e comunidade
Sobre a cena Mugen, Douglas não esconde opiniões fortes:
Sempre houve tretas. Eu era um ímã pra brigas porque defendia meus amigos. Hoje prefiro ignorar. Mas a comunidade de Mortal Kombat é, de longe, a mais tóxica que já vi.”
Apesar disso, ele vê no Mugen uma plataforma que continua a formar talentos:
Conheço gente que hoje trabalha profissionalmente em games e que começou no Mugen. Ele foi uma escola pra mim também.”
Preferências e legado
Quando perguntado sobre favoritos, ele cita sem hesitar:
Personagem próprio: MB-02 e Pica-Pau (que chegou a ser eleito Personagem do Mês na Mugen Fighters Guild em 2017).
Personagem da comunidade: Evil Ken, criação de Reu.
Screenpacks: os que trazem retratos dos personagens e barras de poder no topo, por serem mais limpos.
Quais makers te inspiram e você gostaria de ver sendo entrevistado no site?
“Um deles vc já entrevistou, Ryon Win. Teria uma galera das antigas que eu preciso ver se conseguimos ainda contactar, como Ex-Inferis, Shadowtak, etc. Acho que eu posso sugerir dois nomes para vc: Ramon Saldanha, da VirtuallTek (criador do Fighter Factory e meu amigo de décadas) e Zvitor”.
O futuro
Douglas continua ativo e se divide entre Mugen, Ikemen GO e OpenBOR. Atualmente trabalha em Mega Man Robot Master Mayhem e no beat ‘em up Avengers United Battle Force, considerado uma homenagem ao clássico Captain America and the Avengers.
Enquanto eu me divertir nisso, estarei aqui. No dia em que não for mais divertido, eu paro.
Conclusão
Douglas Baldan não é apenas um dos criadores mais antigos do Mugen, mas um pilar da comunidade que ajudou a transformar a engine em uma verdadeira escola para desenvolvedores. Seu legado continua vivo em cada projeto, inspirando novas gerações de maker
Algumas das contribuições no Mugen
Dao Long EX
Bob Wilson (1ª versão)
Falcon Ex
MB-02 (versão antiga, com SodonHID) – Street Fighter Spec Ops
Pocket O Ilusionista
Saizo Hattori
Bob Wilson Ex
Shin Kazuma
MB-02 (segunda versão, com Ethan Lives) – Street Fighter Spec Ops
Tufão mexicano – Operações de especificações do Street Fighter
Red Cyclone – Street Fighter Spec Ops
Anita ( versão Super Marvel vs Capcom Eternity of Heroes )
Capitão Comando Clássico
Gato preto
Wadafak
Elec Man (Rockman Battle Arena / Robot Master Mayhem)
Shadow Man (Capcom Figthing All-Stars / Robot Master Mayhem)
Pocket M.Bison ( Pocket Dimensional Clash )
Pocket Alfred Airhawk ( Pocket Dimensional Clash )
Pocket Hulk ( conflito dimensional de bolso )
Pocket Reayon ( conflito dimensional de bolso )
Pocket Classic Mega Man ( Pocket Dimensional Clash )